Abri a porta um pouco mais e fiz sinal para que Larissa entrasse. Ela hesitou por um segundo, talvez surpresa por eu ter permitido, mas logo cruzou a soleira com passos curtos, silenciosos, como quem entra num território sagrado sem saber se será expulsa antes de completar uma frase. Fechei a porta atrás dela, sentindo o olhar atento de Olívia que, mesmo sem dizer nada, se mantinha de pé na sala, firme como uma sentinela.
— Pode falar, mas seja rápida — disse, com a voz controlada, apontando para o sofá.
Larissa assentiu, apertando a alça da bolsa contra o corpo enquanto se sentava. A postura dela estava mais tensa do que da última vez que a vi — naquela noite absurda e dolorida em que tudo desmoronou. Nada no semblante dela agora lembrava a mulher confiante e provocadora que dividia minha cama com Henrique como se o mundo fosse um parque de diversões.
— Eu... sei que talvez você não queira ouvir nada do que eu tenho a dizer — começou, sem me encarar —, mas mesmo assim, eu pre