Sebastian
Acordo antes do sol. O quarto ainda está mergulhado naquela penumbra suave da madrugada que insiste em se alongar, e o primeiro instinto que tenho é olhar para Isadora. Ela dorme profundamente ao meu lado, o corpo pequeno parcialmente envolto pelo lençol, o rosto tranquilo, mas ainda marcado por sinais de cansaço que não deveriam existir em alguém como ela. Isadora anda tensa, sempre preocupada, sempre carregando o peso de todas as possibilidades ruins nas costas. E eu passo as noites tentando imaginar um jeito de mudar isso, de devolver a ela a paz que, sinceramente, nem sei mais se existe para nós dois.
Já se passaram quase três semanas. A calmaria me incomoda mais do que admito. É como andar num campo minado em silêncio absoluto. Você nunca sabe quando o próximo passo vai explodir.
Essa tranquilidade parece uma armadilha. Eu sei que pode ser qualquer pessoa. Qualquer um. E isso me atormenta mais do que os próprios inimigos já conhecidos.
Os pesadelos não ajuda