Isadora
Duas semanas. Esse é o tempo que separa os últimos acontecimentos da quietude em que estamos agora. Quietude não é paz. É mais como um intervalo entre tempestades.
Eu e Sebastian trabalhamos de casa, cercados de seguranças como se fôssemos personagens de um filme em que o perigo nunca dá trégua. Saímos apenas quando é inevitável, e sempre acompanhados, como se estivéssemos sendo seguidos por uma sombra invisível. Rebeca e Ísis estão seguras nas montanhas do Sul, Antônio e a esposa também decidiram contratar proteção, e Carlão ainda continua preso, com sua sentença pesada demais para que volte tão cedo às ruas. E ainda assim, a sensação de ameaça não me abandona.
Não consigo relaxar. O corpo se acomoda em uma cadeira, mas a mente está em outro lugar, sempre à espreita, sempre tentando adivinhar de onde virá o próximo golpe. Sebastian, no entanto, parece começar a acreditar que a prisão de Carlão foi o fim de tudo. Ele não diz com todas as letras, mas já deixou escapar