Sebastian
Depois que os policiais saem, o quarto parece expandir em silêncio. O som da porta se fechando ecoa leve, como se alguém tivesse desligado o mundo lá fora. A claridade filtrada pelas persianas deixa o ar morno e opaco, e por um instante, eu só ouço o som das máquinas: o bip compassado do monitor cardíaco, o gotejar suave do soro. Eu respiro fundo, tentando lembrar que estou viva, que tudo aquilo — o frio, a escuridão, as vozes, o cheiro de mofo e metal — ficou para trás. Mas ainda está em mim.
Sebastian está encostado no peitoril da janela, o terno amarrotado, a gravata solta. Há uma tensão no jeito dele me olhar — aquela mistura de alívio e raiva contida, que só aparece quando sabe onde depositar o medo. Ele se aproxima devagar, arrastando a cadeira para perto da cama. Senta-se e passa as mãos no rosto, cansado, antes de perguntar:
— Você está cansada?
Eu balanço a cabeça, mas minha voz sai fraca, meio rouca.
— Estou preocupada com o Kaisen.
Ele solta o ar, pes