Sebastian

Rebeca liga sem parar desde que soube do meu sequestro. A insistência na voz dela, com o medo que quase atravessa o telefone, me faz entender que precisamos vê-la. Isadora concorda, mesmo com certa relutância nos olhos — ou talvez seja apenas a minha percepção enviesada.

Quando chegamos ao apartamento, a porta se abre rápido, como se Rebeca estivesse ali, de prontidão, à nossa espera. Os olhos dela estão fundos, cercados de olheiras, a pele pálida, o cabelo preso de qualquer jeito. Ela me abraça de imediato, com força, como se quisesse confirmar que eu realmente estou vivo. Sinto a tensão de Isadora ao meu lado, o olhar dela pesado sobre nós, mas ela permanece em silêncio.

Sentamos na sala, o ambiente abafado pelo medo que parece escorrer das paredes. Rebeca aperta as mãos no colo antes de falar, a voz trêmula, mas firme.

Conto o que aconteceu. Como uns homens me pegaram assim que cheguei à empresa, me arrastaram para um carro, me mantiveram num espaço fechado que