Isadora
Ainda sinto a corda queimando meus pulsos. Meus dedos estão dormentes, mas tento mexê-los o tempo todo para não perder a sensibilidade. Perdi a conta de quantas vezes cochilei e acordei de novo, a mente enevoada pela escuridão, pelo cansaço e pelo medo que não dá trégua. Não sei se já se passaram horas, um dia, dois… aqui dentro, sem nenhuma referência, o tempo se dilui e tudo o que resta é a incerteza.
Kaisen acordou há algum tempo. Quando abriu os olhos, fiquei aliviada, mesmo que não disséssemos nada por longos minutos. Eu o vi engolir seco, avaliando a situação como bom segurança que é, mas também como homem que entende que estamos numa enrascada. Ele tenta puxar as cordas dos pulsos contra a madeira, busca brechas, calcula cada movimento. Mas até agora não conseguimos nada.
De vez em quando, alguém desce aquelas escadas curtas com passos pesados. Máscara no rosto, voz abafada, nunca dizem uma palavra. Trazem uma garrafa d’água e algum pão velho, jogam no chão com