O som do interfone ecoou no pequeno espaço da portaria. Eduardo ajeitou o quepe antes de apertar o botão e responder:
— Pois não?
Do outro lado da câmera, Natan encarava o portão como se pudesse atravessá-lo apenas com a força do olhar. A respiração dele era pesada, a postura inquieta.
— Preciso falar com a Francine. Agora. Diga que é Natan. — Sua voz soou carregada de impaciência.
Eduardo, impassível, caminhou até o portão. Sem abrir, retirou um envelope do balcão e estendeu pela pequena fresta.
— A senhorita Francine não está. Mas deixou isto para o senhor.
Natan arrancou o envelope da mão do porteiro, já antecipando o conteúdo. Rompeu o papel com brutalidade e puxou a carta.
Bastou uma olhada para que seu rosto se contraísse num misto de incredulidade e fúria.
Em letras garrafais, a única mensagem:
“Vá para o inferno, Natan!”
As mãos dele tremeram. O papel foi amassado e jogado ao chão, enquanto um rugido escapava de sua garganta.
— Onde ela está?! — bradou,