A chuva voltou naquela noite, grossa e inconstante, como se o céu pressentisse o que estava por vir.
Camila estava sentada na beira da cama, embalando o bebê que dormia tranquilo, alheio à tempestade que se formava lá fora e dentro dela.
O som dos pingos no telhado era quase hipnótico, mas não o suficiente para calar o medo que crescia em seu peito.
Ricardo ainda não voltara da cidade.
Ele prometera retornar antes do anoitecer, mas o relógio já marcava quase dez horas.
Camila olhou para a janela, tentando ver algo além da cortina de água — nada.
A estrada era apenas um traço escuro engolido pela chuva.
Ela tentou se convencer de que ele estava bem.
Mas o coração… o coração sempre sabe quando algo não está certo.
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Longe dali, no carro, Ricardo apertava o volante com força.
Os faróis mal iluminavam a estrada lamacenta, e o limpador mal dava conta da enxurrada.
Ele dirigia em silêncio, os pensamentos confusos, a respiração curta.
Beatriz.
O nome ecoava dentro dele como um fantasma ant