Miguel sabia o que precisava fazer. Não havia armas contra o Devorador de Memórias - só lembranças. E se ele queria enfrentá-lo, teria que se perder primeiro... e torcer para encontrar o caminho de volta.
Guiado por Ernesto, Miguel realizou um antigo ritual de travessia: um mergulho espiritual em suas próprias memórias. Atravessou um espelho coberto de poeira e acordou dentro de um campo sem céu - um espaço onde lembranças se cruzavam como corredores vivos.
À sua esquerda, viu Clara, jovem, segurando um bebê e chorando em silêncio. À sua direita, viu a primeira família adotiva, distantes, dizendo que ele era "estranho demais". Cada vez que tentava se aproximar, a cena se dissolvia. Era como correr atrás de fumaça.
O labirinto reagia a seus medos. Portas apareciam e sumiam. Vozes gritavam nomes que ele nunca disse em voz alta. Até que, no coração do labirinto, encontrou uma versão mais jovem de si mesmo, sentado no chão com o olhar vazio.
- Por que você nos deixou? - perguntou a crianç