Narrado por Camila
A claridade suave que atravessava as cortinas do quarto não me incomodava. Pela primeira vez em dias, meu corpo descansava sem medo. Mas não era a luz do sol que aquecia meu peito. Era ele.
Gabriel estava sentado ao meu lado, como sempre esteve. Os olhos fixos em mim, mesmo exaustos, continuavam vigilantes. Seu corpo denunciava o cansaço, mas sua alma parecia firme, incansável. Os dedos entrelaçados aos meus me ancoravam no presente e me lembravam: acabou. Estou segura. Ele me salvou.
— Você dormiu um pouco — disse ele com a voz baixa, acariciando meus dedos. — Como está se sentindo?
— Como se tivesse saído de um pesadelo... mas ainda sentindo o calor do sonho bom — respondi, tentando sorrir, mesmo com a alma cansada.
Ele beijou minha mão com delicadeza. E eu soube que ele sentia o mesmo: alívio, medo, amor — tudo de uma vez.
Minutos depois, ouvi passos discretos no corredor. A porta se abriu lentamente, e duas figuras que eu conhecia como ninguém surgiram no batent