Narrado por Gabriel
A manhã chegou com o céu mais claro do que eu lembrava ter visto nos últimos dias. Talvez porque, pela primeira vez em muito tempo, eu sentia a alma leve. Ou talvez porque ela estava ali, ao meu lado, pronta para recomeçar.
Camila recebia alta naquela manhã.
Os médicos disseram que ela estava fisicamente bem, mas que o emocional ainda exigiria tempo e cuidados. Isso eu já sabia. O que eles não sabiam era que eu estava disposto a dar cada segundo desse tempo — e todos os dias que viriam depois disso.
A ajudei a vestir a roupa que Clara havia trazido para ela. Camila estava mais pálida, um pouco mais magra, mas ainda assim linda. Linda de um jeito que só quem sobreviveu ao inferno pode ser: com cicatrizes, sim, mas com olhos que ainda brilham — mesmo cansados — por continuar aqui.
Enquanto ela passava a blusa pela cabeça, nossos olhares se cruzaram. E ali, naquele silêncio breve, eu prometi mais uma vez: "nunca mais vou deixar nada de ruim te tocar."
— Tá pronta? — p