A luz fria do presídio cortava as grades da janela como lâminas finas e silenciosas. Daniel se encontrava sentado em uma cadeira desconfortável, encarando o próprio reflexo num pedaço de metal polido na parede — o mais próximo que ele teria de um espelho nos próximos meses. Estava mais magro, a barba por fazer escondia parte das olheiras, mas os olhos… os olhos ainda ardiam com a mesma chama de antes. Uma chama que misturava frustração, raiva e uma sede silenciosa por vingança.
O barulho da tranca girando o tirou de seus pensamentos. Quando a porta se abriu, ele viu entrar uma figura que lhe era ao mesmo tempo familiar e ameaçadora: seu pai, Henrique Monteiro, um dos criminalistas mais respeitados do estado de São Paulo. Alto, de terno alinhado, cabelo bem aparado, mas com um semblante carregado de decepção.
— Você se superou, Daniel — disse Henrique, cruzando os braços e se recusando a cumprimentá-lo. — Manchou meu nome, destruiu sua carreira e ainda teve a audácia de agir como se fo