(Narrado por Lorena)
Joguei a caixa no chão com um baque seco e fechei a porta do apartamento com o pé. O silêncio tomou conta do lugar assim que me livrei da bagunça da mudança. Eu nem tinha pendurado as cortinas, mal sabia onde estava a cafeteira nova, e já tinha arrumado confusão com um vizinho.
Vizinho não… um chato metido a sabe-tudo, de cara amarrada, cheio de postura de superioridade. Eduardo. O nome dele parecia ter sido cuspido com raiva da própria boca.
— Idiota — murmurei, jogando os cabelos pra trás.
Peguei um pano de prato e comecei a limpar os respingos de café que tinham caído na caixa. Que bom começo, Lorena. Mal chegou e já virou assunto no prédio.
Mas que culpa eu tinha? Ele que desceu feito um touro desgovernado, sem olhar por onde andava. E ainda quis jogar a culpa em mim, como se a camisa dele fosse feita de ouro.
— Acordou com o ego doendo, só pode — reclamei para o nada.
Mesmo assim... aquele olhar. Intenso. Incômodo. E aquela voz firme, autoritária... Eu devia