(narrado por Camila)
A manhã estava perfeita.
O sol entrava pelas frestas da cortina de linho branco e dançava sobre o lençol amassado. A xícara de café ainda fumegava em cima da mesa, e Gabriel estava no quintal, plantando as novas mudas de lavanda que compramos no fim de semana. O cheiro de terra molhada, café fresco e paz. Uma combinação que eu jamais imaginei sentir de novo… até conhecer ele.
Depois de tudo o que passamos, esse pequeno paraíso que construímos juntos parecia um sonho. Mas era real. Era nosso. A cicatriz no meu pulso, quase invisível, era um lembrete silencioso de que sobrevivi — que venci o medo, a dor, o trauma.
Ou assim eu pensava.
Meu celular vibrou no centro da mesa. Achei que fosse alguma amiga mandando fotos do chá de bebê da Lú, que eu tinha prometido organizar. Mas não era.
Era uma mensagem de Clara.
> "Camila... preciso te contar uma coisa. O Daniel foi liberado. Está respondendo em liberdade. Com tornozeleira e tratamento, mas... fora da cadeia."
Naquele