— Capítulo 12 —
A segunda-feira amanheceu limpa sobre Florença, o céu de um azul pálido que parecia lavado pela chuva da véspera. A casa dos Altoviti respirava em silêncio tenso, como se até as paredes aguardassem. Criados iam e vinham com pilhas de papéis, espanavam pratas já polidas até que refletissem como espelhos, alinhavam cadeiras que mal tinham saído do lugar.
Pelos corredores, vozes baixas trocavam rumores entre uma tarefa e outra: “Vieram mesmo os Tornabuoni?” — “Dizem que sim, que o senhor Altoviti vai recebê-los hoje.” Eram cochichos rápidos, logo calados ao menor ranger do assoalho, mas bastavam para dar à rotina o peso de um rito.
Arthur levantara-se antes mesmo do nascer do sol. Recolhera-se ao gabinete ainda sem desjejum e ali permanecia, a pena riscando relatórios de safras, colunas de números e comparativos de crédito. O ranger da ponta de metal contra o papel marcava o compasso de seus pensamentos.
Mais de uma vez fechou os olhos, repassando mentalmente os murmúri