Me ajoelho diante do baú e o abro com um movimento lento, sem pressa. O ranger suave da madeira parece ecoar no silêncio do quarto, como se o tempo estivesse se curvando diante do momento. Dentro dele, há algumas fotos suas antigas, botões, conchas e papéis amarelados. Cada coisa parece ser carregada de história.
Há fotos nossas, de Niyati, de momentos felizes que ainda consigo lembrar, como se fosse ontem. Sorrisos congelados no tempo, mãos dadas, Niyati com bochechas gordinhas, sorrindo com o rosto pintado de sorvete. Um retrato nosso no parque, eu usando meu sari vermelho favorito, e ele com aquele olhar bobo, completamente apaixonado.
E então, entre as fotos, encontro algo que me faz parar.
Três cartas amarradas com muito cuidado, o papel um pouco amarelado, mas a caligrafia inconfundível dele.
Eu congelei por um segundo. Meus olhos começam a arder, mas não consigo parar de olhar para aquele pedaço de papel. Cartas... e em cada uma delas, um remetente: “Aos meus pais”, “Para Kali”