Capítulo 109

Passaram-se seis meses.

A dor não foi embora. Aprendi que ela não vai. Ela muda de forma. Deixa de ser uma onda violenta quebrando no peito e vira uma presença constante, como um peso no bolso: você se acostuma a carregá-lo, mesmo que ele ainda te faça caminhar mais devagar.

Niyati voltou a rir com facilidade. Já não me perguntava sobre a morte como antes. Agora, falava sobre o pai em tom de lembrança, não mais de ausência. “Papai adorava essa música”, dizia quando ouvia algo no rádio. Ou: “Se ele estivesse aqui, ele iria rir muito disso!”. E nessas horas, o nó na minha garganta era misturado, tristeza e gratidão ao mesmo tempo. Eles tiveram apenas meses juntos, mas seu amor deixou boas marcas. Ele ainda vivia nela.

Nos mudamos de casa, ainda era o mesmo condomínio, mas agora tinha um novo lar que ajudava nesse processo. Abigail não conseguia mais viver naquele lugar, então também decidimos sair. Eles se mudaram para outro bairro, mas ainda era próximo de nós.

Kabir e Saniya se aproxi
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