Amélia
Era madrugada na mansão Sokolov. A neve caía em flocos espessos lá fora, abafando os sons da cidade como um cobertor silencioso. Mas dentro da antiga biblioteca da ala oeste, Amélia não conseguia dormir.
Ela estava determinada a descobrir a verdade, principalmente porque a maioria dos empregados antigos da mansão tratavam ela como se já conhece.
A lareira crepitava baixinho. Livros antigos cobriam as prateleiras. Ela estava sentada em uma poltrona de couro escuro, com o rosto iluminado pela tela do notebook de Laís, que havia deixado o aparelho carregando sobre a mesa.
Estava investigando o passado da mãe.
Sofia da Silva. Esse era o nome nos poucos documentos que havia resgatado do Brasil, escondidos no fundo da mala que Laís a ajudou a montar. Entre eles, uma certidão de nascimento falsa, com outro sobrenome, e um bilhete antigo, escrito à mão, com letras delicadas:
“Proteja a Amélia. Se algo acontecer comigo, diga a ela que foi muito amada.”
Ela leu aquilo dez vezes. Aqu