Os dias seguintes em Santos e Guarujá se desenrolaram em uma rotina de vigilância e performance. Para Gabriel, era um retorno ao básico de seu ofício: a paciência, a observação, a arte de se tornar parte da paisagem urbana. Para Lara e Marina, era uma imersão em um teatro de aparências, um jogo de alta-costura onde cada sorriso era uma máscara e cada conversa, uma potencial fonte de inteligência.
Eles eram três pontos de uma mesma lança, cada um com uma função, todos mirando no mesmo coração escuro: Jean-Pierre Fournier.
A comunicação entre eles era mínima, codificada, mas eficaz. Todas as noites, eles trocavam suas descobertas. As de Gabriel eram táticas, secas. “Segurança reforçada no cais privado. Dois homens extras.” “Fournier tem um motorista que também age como guarda-costas. Ex-militar. Perigoso.” As de Lara e Marina eram fragmentos de conversas, fofocas do mundo dos ricos que, para Gabriel, eram como peças de um quebra-cabeça. “O ‘artista’ (Fournier) perdeu muito dinheiro em u