O mundo de Lara se desfez no som daquela voz. Era uma voz calma, quase entediada, com um sotaque francês que a fez se lembrar de filmes antigos. Mas não havia nada de charmoso nela. Era a voz da morte. Gabriel, do outro lado do quarto, enrijeceu, o corpo se transformando em uma estátua de fúria contida. Ele fez um sinal para Lara: silêncio absoluto.
— Onde está a Marina? — a voz de Gabriel era um rosnado baixo, perigosamente controlado.
Kael riu do outro lado da linha, um som seco e sem alegria. — Sua amiguinha é muito corajosa, fantasma. E muito barulhenta. Tentou usar spray de pimenta. Adorável. Ela está bem. Por enquanto. Digamos que ela está... sob minha hospitalidade. Mas ela me deu um presente. Este celular. E a confirmação de que você não está sozinho. De que está cego e dependendo de uma amadora.
Lara levou as mãos à boca, o choro preso na garganta. Marina havia lutado. E havia sido pega. Por causa dela. Por causa de um plano que ela ajudara a traçar. A culpa a atingiu com a f