O sol da Bahia, que nascera dourado e promissor, tornou-se um observador indiferente à medida que o carro roubado devorava o asfalto em direção ao sul. A beleza exuberante da paisagem costeira passava pelas janelas como um filme mudo e sem sentido. Dentro do veículo, o ar era denso com uma nova energia. A passividade do medo havia sido substituída pela eletricidade febril de um plano desesperado.
Não havia mais silêncio entre eles. Havia se tornado um luxo que não podiam pagar. A cada quilômetro, o prazo de 24 horas de Kael ficava mais curto.
Foi Lara quem falou primeiro, a voz surpreendentemente firme, cortando o ruído do motor.
— Qual é o plano, Gabriel? Não podemos simplesmente chegar em São Paulo e bater na porta do primeiro hotel suspeito. Ele está com a Marina. Ele tem a vantagem.
Gabriel olhou para ela por um instante, registrando a mudança. Ela não era mais a refém assustada; era uma estrategista.
— Você tem razão — ele concordou, a voz um tom mais baixo, mais colaborativo. —