O dia se arrastou com a lentidão de uma maré baixa. Para Gabriel e Lara, a casa de praia não era mais um santuário; havia se transformado em uma sala de comando improvisada, uma bolha de ansiedade suspensa à beira-mar. O inimigo estava a dois mil quilômetros de distância, mas sua sombra se projetava sobre eles, escura e fria.

Passaram a tarde refinando o plano. Lara, com sua memória visual de artista, desenhou mapas cada vez mais detalhados do andar do escritório de Valente. Indicou a localização das janelas, a posição dos móveis, os corredores de serviço. Gabriel, por sua vez, transformou os desenhos dela em um plano de batalha. Ele ensinou a ela os princípios básicos de uma infiltração: como o tempo é o recurso mais valioso, como o som é o maior inimigo, e como a melhor rota de fuga é aquela que ninguém pensaria em usar.

Ele a fez enviar uma série de mensagens codificadas para Marina, quebrando o plano em partes pequenas e digestíveis.

“Para a sua ‘instalação de arte’,” escreveu Lar