O centro de São Paulo antes do amanhecer era outro planeta. Um deserto de arranha-céus, onde o único som era o zumbido distante dos caminhões de lixo e o suspiro dos sistemas de ventilação dos prédios. Gabriel se movia por este deserto não como um fantasma, mas como parte dele. Ele conhecia o ritmo da cidade adormecida, o momento exato em que as equipes de limpeza terminavam seus turnos e os primeiros padeiros começavam os seus.
O prédio comercial onde Leônidas Tavares mantinha seu antigo escritório era um gigante de concreto e vidro escuro, um monumento ao poder corporativo dos anos 80. A segurança na entrada principal era robusta, mas Gabriel sabia que nenhuma fortaleza é impenetrável. Elas sempre têm uma porta dos fundos.
Ele encontrou a sua na forma de uma escada de incêndio de metal, em um beco mal iluminado que cheirava a urina e chuva velha. A fechadura da porta de acesso no terceiro andar era antiga, um modelo que suas ferramentas abriram com um clique satisfatório e silencios