O ar do motel parecia viciado, denso com a fumaça invisível da paranoia de Gabriel. Ele andava de um lado para o outro no quarto pequeno, um tigre enjaulado. A cada passo, a enormidade do que havia feito o atingia com mais força. Ele não apenas quebrara sua regra de ouro de trabalhar sozinho; ele havia pego uma vida normal, a de Marina, e a mergulhado de cabeça em seu mundo de sombras e violência.
Agora, ele não era mais responsável apenas por Lara. Era responsável por duas. Se algo acontecesse a Marina, se Kael de alguma forma a descobrisse, a culpa seria dele. O peso dessa nova responsabilidade era esmagador.
Ele olhava para o celular descartável sobre a cama a cada trinta segundos. O aparelho permanecia mudo, escuro. Um poço de silêncio. A confiança era uma rua de mão dupla, e ele havia exigido tudo de Marina, sem oferecer quase nada em troca. E se ela tivesse se arrependido? E se, naquele exato momento, ela estivesse em uma delegacia, contando a história de um homem misterioso que