A espera foi uma forma de tortura que Gabriel conhecia bem. No quarto impessoal do motel, cada minuto se arrastava com o peso de uma hora. Ele não sabia se Marina ligaria. Havia uma chance enorme de ela simplesmente quebrar o celular, ir à polícia ou se esconder, tentando apagar da memória o encontro com um estranho assustador. Ele havia apostado tudo em uma única conversa, em uma única interpretação do caráter de uma mulher que ele não conhecia. Se estivesse errado, seu plano estaria em ruínas, e Lara continuaria vulnerável.
Ele limpou sua pistola pela terceira vez, não porque precisasse, mas porque o ritual metódico de desmontar e montar a arma acalmava seus nervos. O metal frio e o cheiro de óleo eram familiares, constantes em um mundo que havia virado de cabeça para baixo. Ele pensava em Lara, em seu rosto, em seu sorriso, na forma como ela defendera seus desenhos dos bombeiros. Aquelas imagens eram seu combustível.
Quando o celular descartável finalmente vibrou sobre a mesa de ca