Quando a verdade vira sentença
ISABELLA CONTI FERRAZ
O palácio em Nápoles parecia maior do que eu lembrava. Eu tive aqui quando era criança, e só agora fez sentido. Eu vim com minha mãe, sem saber que esse homem é meu pai. As colunas brancas, os portões de ferro com o brasão das serpentes enroladas na adaga — símbolo da família Bianchi — pareciam vigiar cada passo meu. Eu respirei fundo antes de entrar. O coração acelerava, mas a máscara no meu rosto era de calma.
Não era calma. Era medo disfarçado.
Vittorio Salvatore Bianchi estava ali dentro. E eu vinha até ele pela primeira vez sem convite.
Meus saltos ecoaram no mármore do hall. O silêncio era sufocante. Guardas armados abriram passagem até o salão de reuniões. As cortinas pesadas escondiam a luz do dia. O ar cheirava a couro, tabaco e ferro.
E então ele apareceu.
O homem de 61 anos caminhava devagar, elegante em seu terno escuro. Os cabelos grisalhos bem penteados, o anel com o brasão sempre brilhando no dedo. Os olhos? Frios.