Quando o poder exige moldar até os detalhes
Leonardo Cassani
A porta se fechou atrás dela.
Norman Andrade Paixão.
A mulher que, de repente, virou peça de xadrez no meu tabuleiro.
Ela ficou ali, em pé, segurando uma pasta contra o peito como se fosse escudo. O blazer barato, a calça puída, os sapatos de salto já gastos. Eu a analisei de cima a baixo. Não precisava ser especialista em nada para ver que ela não estava preparada para andar ao meu lado.
Cruzei os braços e falei, seco:
— Senhorita Norman… ou devo dizer senhora?
Ela piscou, confusa.
— Senhorita, senhor.
— Ótimo. Então, senhorita Norman, me responda: você não tem condições de comprar uma roupinha melhor? Já viu onde a senhorita trabalha? — minha voz cortou o ar, dura.
O rubor subiu em seu rosto. Ela abaixou os olhos, engoliu em seco.
— Desculpa, senhor. Eu estava desempregada há alguns dias. E nas outras empresas onde trabalhei… eram pequenas, salários baixos. Infelizmente eu não tive condições para isso.
Respirei fundo. A ve