Quando a esperança sangra no asfalto
O estampido seco rasgou o ar como um trovão. Pássaros voaram em desespero das árvores. O cheiro de pólvora se espalhou, queimando o ar da manhã.
O corpo de Amaro Cassani estremeceu, a boca aberta em choque, e tombou para frente, esmagando Noêmia contra o chão. O sangue jorrou quente, manchando o vestido da enfermeira e o gramado impecável, tingindo tudo de vermelho vivo.
— PAI! — Leonardo rugiu, a voz rasgando o peito.
Num reflexo animal, sacou a pistola da cintura. Os olhos varreram o portão e localizaram o vulto sombrio de um homem armado, recuando pela lateral. O mundo virou um túnel estreito — só havia o alvo e o instinto. Leonardo correu em disparada, cada músculo em fúria, e atirou com precisão cirúrgica.
O inimigo caiu, gemendo, cuspindo sangue. Leonardo o alcançou, chutou a arma dele para longe e pressionou o cano da pistola contra a testa suada. O hálito do ferido cheirava a ferro, pólvora e morte.
— Quem te mandou? — rosnou, a voz grave e