Quando silêncio vale mais do que sangue
VITTÓRIO SALVATORE BIANCHI
O mar de Nápoles estava calmo naquela manhã. As ondas batiam contra os pilares da mansão, trazendo consigo o cheiro de sal e peixe podre. Eu sempre gostei disso. O fedor da vida real misturado ao luxo da mentira.
Me sentei na varanda de mármore, o charuto aceso, a fumaça subindo devagar. O anel — duas serpentes enroladas em torno de uma adaga — brilhava no dedo. O peso da tradição. O lembrete de que nada na vida é eterno, exceto o poder.
— Senhor. — a voz interrompeu meus pensamentos.
Era Marco, um dos meus homens de confiança. Jovem demais para o ofício, mas inteligente o bastante para aprender que não se sobrevive na SABINO se não souber calar a boca. Ele se aproximou com cautela, como quem pisa em campo minado.
— Fale. — ordenei, sem olhar.
Ele engoliu seco. — Recebemos notícias de Mônaco.
Aspirei a fumaça, fechei os olhos. — Notícias boas ou ruins?
O silêncio dele me fez sorrir de canto. Eu já sabia. — Ruins, entã