Quando o dever pesa mais que o coração.
RAVI LERNER
Três dias.
Três longos dias sem ver o sol.
O tempo dentro do bunker não corria — se arrastava.
As horas tinham gosto de metal e o ar parecia reciclado demais, como se o oxigênio também tivesse memória e trouxesse o mesmo medo em cada respiração.
Eu sempre fui o racional. O cérebro frio que compensava os impulsos de André.
Mas até o homem mais lógico sucumbe à sensação de estar preso com seus próprios pensamentos.
E agora, o problema não era o confinamento.
Era o que se formava entre aquelas paredes: um triângulo que eu não sabia como impedir.
André ardia em silêncio.
Norman tentava fingir que não percebia, mas o olhar dela sempre se demorava um pouco mais nele — nas mãos, nos gestos, nas palavras. Era uma ternura perigosa, porque o amor, naquele ambiente, não tinha para onde ir. Só podia crescer até explodir.
Eu fingia não ver.
Mas na noite anterior, vi.
Vi quando ela se aproximou dele na cozinha, o rosto iluminado pela luz baixa e