Quando o silêncio vira prova.
LEONARDO CASSANI
O bunker cheirava a metal e a café queimado. Luzes frias serrilhavam o ar; telas refletiam rostos cansados. Eu estava ali porque meu irmão me deixou ali — ou porque pensou que era o lugar certo para deixar uma herança que queimaria os ossos de quem a merecia. Chamei aquilo de dossiê. Outros chamariam de sentença.
Ravi trabalhou no teclado com a calma de quem doma ferro. Dr. Carvalho checou as assinaturas digitais como se checasse a pulsação de um cadáver: com paciência, precisão e um incômodo no peito. Eu fiquei em pé, braços cruzados, ouvindo o som das ventoinhas como se fossem martelos batendo em uma baraúna.
— O hash confere — disse Carvalho, seco. — Integridade perfeita. Não houve adulteração.
Assenti. Não precisava acrescentar nada. Abra a porta, abri-la eu faria.
Lorenzo sabia dos riscos. Desde o início ele andou num fio: assinar contratos que envolviam rotas, dados e empresas-fantasma; permitir que a Sabino usasse a Cassani’s como