Quando proteger se mistura com possuir
LEONARDO CASSANI
O silêncio dentro da limusine era sufocante. Eu olhava pela janela, mas não via nada além do reflexo do meu próprio rosto — tenso, marcado, as veias do pescoço latejando como se estivessem prestes a explodir.
Norman estava ao meu lado, as mãos pequenas apertando uma à outra no colo. Ela não disse uma palavra. Não precisava. Eu sentia o peso da pergunta dela queimando o ar entre nós.
“Por que me chamou de noiva?”
Fechei os punhos. O motor ronronava suave, mas dentro de mim era um campo de guerra. Eu não podia ter feito aquilo. Não podia ter arrastado aquela mulher para o centro do meu inferno pessoal. Mas ao mesmo tempo… não havia outra saída. Quem ousasse olhar para ela como Tariq fez merecia perder mais que os olhos. Merecia perder a cabeça.
O carro parou diante do hotel. O motorista abriu a porta. Saí primeiro, ajustando o paletó como se nada tivesse acontecido. Ela saiu logo atrás, os saltos ecoando no mármore da entrada.
Cam