Mesmo com Antônio ali, o silêncio me parecia habitado.
A sensação de estar sendo observada não me deixava, nem com as portas trancadas, nem com o som das câmeras apitando em intervalos regulares.
— Pode ter sido o cara que meu pai mandou me vigiar — disse Antônio, quebrando o silêncio. — Lembra do que o Felipe comentou? Ele mesmo disse que o velho tinha contratado alguém pra me seguir, “por segurança”.
Assenti, mas o coração dizia outra coisa.
— Não acho que seja isso, Antônio.
Ele me olhou, confuso.
— Então o quê?
Respirei fundo, tentando achar palavras pro que nem eu entendia direito.
— Não sei… é uma sensação ruim, diferente. Como se alguém estivesse nos rondando não por curiosidade, mas por raiva. É como se eu pressentisse.
Ele ficou em silêncio, o maxilar travado.
— Mesmo assim, o nome do meu pai não está descartado — completou.
— Não — confirmei. — Mas amanhã eu quero dar uma volta com o bebê. Me distrair um pouco, sabe? Preciso respirar.
Ele assentiu, cansado.
—