A médica me aguardava na porta da UTI adulta. Seu semblante era sereno, mas o peso nas palavras era o mesmo de quem acabara de lutar contra a morte.
— Senhor Antônio... conseguimos estabilizá-la. — Começou. — O parto precisou ser feito por cesariana de emergência, e o quadro se complicou com uma eclampsia severa. Ela teve uma parada cardiorrespiratória durante o procedimento, mas conseguimos reverter a tempo.
Meu coração parou só de ouvi-la repetir aquelas palavras.
— Tivemos que induzir o coma para preservar as funções vitais e permitir que o organismo dela se recupere. As próximas vinte e quatro horas serão cruciais — continuou olhando-me nos olhos. — A pressão precisa se manter estável e o corpo reagir aos medicamentos.
Assenti, tentando absorver tudo, mas as palavras pareciam flutuar num ruído distante.
— Posso vê-la? — perguntei, com a voz embargada.
Ela fez um gesto para a enfermeira e abriu a porta de vidro. — Só alguns minutos. Ela ainda está muito instável.
Entrei.
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