O primeiro dia em Paris depois de Veneza foi silencioso como sempre. Mas Sophie já não se sentia tão só. O envelope sobre a mesa, a fotografia de si mesma pela lente de Matteo e o número salvo no celular eram lembretes constantes de que havia alguém do outro lado da linha.
E assim começou: uma mensagem tímida aqui, outra acolá.
No início, os assuntos eram leves. Matteo mandava fotos das ruas de Veneza, de cafés escondidos, de barcos cruzando os canais ao entardecer. Sophie respondia com imagens da Torre Eiffel ao fundo de uma tarde nublada, de um café fumegante na escrivaninha, de uma pilha de negativos espalhados pelo chão do estúdio.
Com o tempo, as conversas ganharam corpo. Falaram sobre música — ela confessou seu amor por jazz melancólico, ele enviou uma lista de canções italianas que jurava serem “perfeitas para ouvir à noite, com uma taça de vinho”. Trocaram livros, frases, lembranças de infância. Às vezes as mensagens vinham tarde, quando Sophie estava deitada sem sono. Outr