Mundo ficciónIniciar sesiónUm homem seria mesmo capaz de amar uma mulher ao ponto de dar o próprio coração a amada? Uma mulher teria sorte por ser tão amada ou azar por ser deixada? John se apaixona por acidente pela mulher do chefe, e planejam fugir juntos. Descobriremos se o amor de Paola e John vencerá tudo e todos! Final feliz.
Leer más"Dedico esse livro para aqueles que tiveram um amor que é como uma flor nascendo em meio aos espinhos."
DANNA PAOLA MADERO 18 anos é a idade dos sonhos de todos os adolescentes cheios de vida e coisas a realizar, o que também era o meu caso. Meu aniversário havia sido comemorado pela minha família e amigos com uma grande festa há mais ou menos duas semanas, foi a primeira vez que meu pai deixou que eu tomasse alguma bebida com álcool, confesso que depois do segundo copinho de tequila, já estava zonza e sorridente, mas que se dane, eu estava feliz! Aquele era o dia da minha formatura no ensino médio. Eu estava eufórica, em janeiro do próximo ano, meu pai me mandaria para cursar administração na NYU, Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. Por isso meu inglês era impecável, mal via a hora de poder sair da cidade em que nasci, cresci e nunca tinha botado os pés para fora. Meu pai era maravilhoso comigo, arrisco dizer que o melhor do mundo, mesmo sendo um narcotraficante, o El Rey del tráfego, se gaba em dizer que é o maior de todo o México. Soube que ele e meu irmão são procurados pela Interpol, porém nada disso me assusta ou causa estranheza, cresci nesse meio, desde que me entendo por gente, sempre soube que toda minha família era assim, minha arvore genealógica era inteira de traficantes, El Chapo por exemplo, é primo do meu avô. Eu nunca me envolvi com nada ilícito, nunca peguei uma arma ou cheguei perto de drogas, eles faziam seus “serviços” fora das minhas vistas, jamais terei parte nesse meio. Meu pai, ainda bem, nos deu a opção de seguir ou não com sua “profissão”. Juan Madero sempre teve cuidado para que nenhum de nós dois presenciássemos coisas ruins. Os “soldados” dele não entravam em casa, apenas alguns ficavam no jardim da mansão ou do lado de fora do muro fazendo a nossa segurança, com as armas sempre escondidas. Minha mãe fugiu de casa quando teve a oportunidade, eu tinha por volta dos 10 anos, meu pai, o poderoso "Rei do Crime", a maltratava de todos os jeitos, às vezes a noite, ouvia seus gritos de dor, mas pela manhã ela já tinha escondido tudo com maquiagem, víamos apenas suas roupas longas e olhos inchados. Fico feliz por ela ter se livrado dessa vida. Eu a amava demais para vê-la sofrer. Mas pelo que parece ela não me amava tanto, foi embora e me deixou. Apesar de tudo, eu levantava todos os dias decidida a ser feliz, uma Madero jamais se deixa abater, tínhamos o sangue forte. Minha infância foi a melhor possível. Mesmo que meu pai não fosse amoroso com a esposa, ele era meu herói, incrível comigo e meu irmão mais velho. Tive poucas colegas na escola e apenas uma melhor amiga que sempre esteve comigo do jardim até o ensino médio, esta era Mónica Garcia. Com ela eu saia escondida para festinhas dos meninos da escola ao encontro de namorados que não duravam uma semana. Eu a amava muito, e meu pai sabia, quase o enlouqueci para que também fosse mandada junto comigo para a NYU, ele para ter paz, concordou em pagar os estudos da Mónica que era de família humilde. No baile de formatura, eu iria dançar com Lorenzo Perez, um rapaz muito bonito da equipe de natação da escola. Já minha amiga, levaria seu atual namorado que era mais velho e já tinha terminado o ensino médio, todas as meninas ficaram com inveja dela. Na escola, ou em qualquer outro lugar eu sempre estava rodeada de seguranças, entendia que era uma forma de "proteção" do meu pai para comigo, ele tinha muitos inimigos, com certeza não queria me perder para eles. Ainda me lembro de suas palavras quando lhe perguntei sobre isso: " Todos, inclusive meus inimigos, sabem, que o ponto fraco de um homem é a família." Meu irmão, Miguel, já foi sequestrado, mas resgatado depois de dois dias de guerra com o cartel rival, veio sem um pedaço da orelha esquerda e o corpo cheio de hematomas coloridos. Desci as escadas de mármore branco, segurando o corrimão banhado a ouro, Juan é bem exibido. — Tengo la hija mas bella del mundo. (Tenho a filha mais linda do mundo). Sorri para ele que me esperava vestido de smoking cor vinho escuro. Estava lindo, um verdadeiro rei. Meu vestido era azul marinho, longo e de apenas uma manga, continha algumas pedrarias no busto e a saia lisa com uma fenda comportada, nada muito chamativo. Saltos agulha de 15cm preto. Eu os adoro por me deixarem um pouco mais alta que um anão de jardim. Estava ansiosa para encontrar Mónica para vê-la usando um vestido igual ao meu só que na cor vermelho. Gostávamos de combinar as roupas, mochilas, cadernos, etc. — Tù no está mal tampoco, papi. (você não está tão ruim papai) — Respondi com um sorriso. Ele riu. — Vamos luego mocosa. (Vamos logo pirralha) Revirei os olhos, Miguel passou quase correndo por mim. Nem é tão grande a diferença de idade, apenas 1 ano. Mas sou chamada assim por ele. Terminei de descer as escadas, segurei na mão que meu pai estendeu. — No importa este vagabundo. (não se importe com esse vagabundo) —Papi! (papai) — o repreendi. —No hables así de mí. (não fale assim de mim) — Miguel se defendeu. Eles se xingam bastante. —Vamos luego niños. (vamos logo crianças) — Bufei irritada com a conversinha deles, me sentia ansiosa para estar na formatura. — Tú eres la mocosa acá, no nosotros. (você é a pirralha, e não nós) — Meu irmão provocou. Ri sem animação. Caminhamos para fora, Culiacán cidade capital de Sinaloa, estava mais fria que o normal, por isso usamos casacos grossos por cima da roupa, mesmo que fossemos de carros. Na saída da mansão onde nasci e fui criada, Carlo, nosso motorista há anos, nos esperava. Abriu a porta para nós, entramos e nos aconchegamos. —No puedo demorar. Tengo un compromiso. (não posso demorar. Tenho um compromisso) — Miguel disse. Eu e meu pai nos olhamos cúmplices. — Finalmente. — Rimos, ele ficou sério. —Me he follado a más chicas de las crees. (Já fodi mais mulheres que pensam) — Sorriu travesso. Meu rosto se tornou vermelho com a menção da palavra de baixo calão que meu irmão usou. Apesar das namoradinhas que eu dava por aí, eu nunca permiti que passassem de beijos calorosos, meu sonho era casar virgem como minha vozinha —Todo bien semental. Nadie quiere saberlo. (Tudo bem idiota. Não queremos saber) — O pai o cortou. A casa era um pouco distante da cidade, por esse motivo, optamos por sair uma hora mais cedo. Ainda era dia, a conversa dentro do veículo rolava solta, muitas piadas e risos altos, eu era a mais animada. Naquele dia, não olhei para as árvores correndo do lado de fora da janela como gostava de fazer a caminho da escola todos os dias, apenas me atentei ao que se passava dentro, ao calor da família e do amor. — Sabes lo que le dijeron los mexicanos a los... (Sabe o que disse o mexicano ao...) — Miguel começava a contar uma piada, que segundo ele seria mais engraçada que a minha. Porém, nunca saberei se era mesmo, pois essa foi a última coisa que ouvi antes do carro capotar furiosamente pela estrada. Vi todos ficarem de cabeça para baixo com os braços e cabeças balançando de um lado para o outro conforme o automóvel rolava no asfalto úmido. Fechei os olhos para não ver mais nada. Era inacreditável morrer no dia da própria formatura!PAOLA BACKERNo dia seguinte, bem cedo, levantei e disse que iria procurar emprego. — Tudo bem, fico com a Melzinha. — Elas estavam sentadas à mesa tomando café da manhã. — Mas suas aulas não são agora pela manhã? — é claro que não quero chegar na vida dela já complicando as coisas. Ela sorriu e fez um gesto com a mão de tanto faz. — Quase dois anos de universidade e nunca faltei. Hoje é um bom dia para isso. — Mónica, não quero te atrapalhar. — Tomei um gole do café puro. — Vai logo. Pensei por alguns segundos e decidi ir. Terminei de tomar o café e segui para me arrumar. O quarto era pequeno, mas atendia bem eu e Melinda. A mobília composta por uma cama de solteiro que dormia nós duas, o guarda roupas que cabia mal as roupas dela, as minhas precisaram ficar na mala. Abri a mala que ainda não tinha sido desfeita, procurei por uma calça jeans preta e uma blusa bege simples de mangas, nos pés uma sapatilha também preta. Pensei em usar maquiagem no rosto para disfarçar o cans
PAOLA BACKERDepois de cinco longas horas de voo, o avião finalmente pousou no aeroporto enorme de Nova Yorque. A cidade era linda de cima, com prédios imponentes por todos os lados. Com minha pequena agarrada aos meus braços, peguei a mala naquele vai e vem frenético de pessoas. Parei um pouco e olhei em volta, tentando achar a Mónica, ela disse que estaria aqui. Cansada de esperar, decidi pegar o celular para ligar, mas logo a avistei de longe correndo como uma louca. Sim, talvez essa tenha sido uma boa escolha. Me afastar de lugares e pessoas que me faziam mal. A ausência do John me matava todos os dias por dentro, ao contrário de antes, pois sua presença antes me fazia querer viver e ser amada por ele. Quando ela chegou perto, ficou parada me olhando. Nervosa, apertei a alça da mala com os dedos até doerem. Eu com certeza estava quase irreconhecível, feia demais para ser eu. Magra, os cabelos secos e opacos, olhos fundos, lábios rachados e sobrancelha por fazer. Não que eu f
PAOLA BAKCERDeixei o celular de lado e fechei os olhos. Não dormi um segundo, fiquei virando de um lado para o outro até o dia amanhecer. Quando a Mel acordou, fiz nosso café da manhã e a levei para brincar no quintal. Com quase sete meses, ela estava perto de começar a engatinhar. Era fofo vê-la se esforçando para pegar os brinquedos que estavam mais longe. Sentadas na grama, de vez enquanto seus olhos encontravam com os meus, sentia sempre o coração bater mais forte. O John seria louco por ela, um pai maravilhoso. Ficamos a manhã inteira no quintal, até precisarmos entrar. Dei banho, alimentei e coloquei para dormir. Peguei o celular e não havia nenhuma mensagem da Mónica. Será que agora tinha desistido? Fazia sentido que sim, a última mensagem tinha sido enviada há vários meses. Lembrei de ligar para o vendedor da loja de carros. Conversamos e ele disse que em poucos minutos alguém viria buscar o veículo e que eu deveria ir na loja buscar o valor combinado pela venda. Assi
PAOLA BAKCER— Gostaria de vender um carro. — Um homem já de idade avançada veio me atender. — Tudo bem. Pode sentar e vamos conversar. Aceitei o pedido dele e lhe dei todas as informações sobre o veículo. No fim, ele se ofereceu para irmos dar uma olhada no produto. Fiquei receosa, mas decidi entrar no carro dele e ir até minha casa para mostrar o item pessoalmente. O guiei pelo caminho e não trocamos nenhuma palavra além disso. Chegando lá, o acompanhei enquanto ele inspecionava o carro por dentro e por fora. Depois que terminou, me entregou um papel rabiscado com o valor que valia. Achei justo.— Aceito. — Sem dúvidas acetei de primeira. — Tudo bem. Apenas vamos fazer a transferência da papelada e o dinheiro estará na sua conta. — Estendeu a mão como uma forma de “fechamento de acordo”. — Deixarei meu contato com você. Apertei a mão dele e peguei o cartão. Com aceno de cabeça entrou no carro e foi embora. Respirei fundo e olhei para a picape vermelha. Era apenas um grande
PAOLA BACKER Acordei péssima, mas fui seguindo normal a rotina diária. Cuidei da minha filha, brinquei e o dia passou voando. Olhei para fora da janela, e não vi mais as sacolas na calçada, alguém já devia tê-las levado. Droga! Deveria ter pego ao menos uma camisa para deixar de recordação...Depois que o bebê dormiu, estava exausta. Tomei um banho quente e decidi preparar algo para jantar, reparei que todas minhas roupas cabiam duas de mim dentro. Comer não era algo que eu sentisse a menor vontade de fazer. Abri a dispensa na cozinha e parei olhando-a parcialmente vazia. Foi um choque. A casa precisava ser mantida, o que faria agora? Fazia meio ano desde o transplante, o médico ainda me recomendava cuidado com esforços físicos. Mas não podia ficar de braços cruzados vendo minha filha precisar de tudo. No entanto, aceitar qualquer centavo do Miguel estava fora de cogitação. Amarrei os cabelos que estavam longos, abaixo da cintura, pensei em corta-los novamente, preferia que esti
PAOLA MADEROOs olhos dela brilharam lágrimas. — Tudo bem. — Respirou fundo e virou as costas. Ouvi seus passos pesados subindo as escadas. O ar faltou nos pulmões e o coração foi a mil. A sensação é uma velha conhecida. Me senti sufocada e ao mesmo tempo segura pelos muros de proteção que eu mesma estava erguendo ao meu redor. Não queria ter ninguém na minha vida que me magoasse. Lavei o rosto na pia e segui atras. A passos lentos e arrastados, cheguei no quarto dela. A porta estava aberta e ela jogava de forma desorganizada suas coisas do guarda-roupas na mala. Sabia que eu estava ali. Mas não me olhou. — Desculpa. Ela parou e encarou as roupas dentro da mala preta. — Desculpa. — Repeti mais alto — Mas eu preciso ficar sozinha. — Me deixa levar ela. Por deus, eu poderia deixar. Mas também sei que se ela fosse, eu não teria mais nenhum motivo para viver, e isso me assustava. — Não posso. — Mas você... Ela... Não... — Ela se aproximou e segurou minhas mãos — Nós podemos





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