Um homem seria mesmo capaz de amar uma mulher ao ponto de dar o próprio coração a amada? Uma mulher teria sorte por ser tão amada ou azar por ser deixada? John se apaixona por acidente pela mulher do chefe, e planejam fugir juntos. Descobriremos se o amor de Paola e John vencerá tudo e todos! Final feliz.
Ler mais"Dedico esse livro para aqueles que tiveram um amor que é como uma flor nascendo em meio aos espinhos."
DANNA PAOLA MADERO 18 anos é a idade dos sonhos de todos os adolescentes cheios de vida e coisas a realizar, o que também era o meu caso. Meu aniversário havia sido comemorado pela minha família e amigos com uma grande festa há mais ou menos duas semanas, foi a primeira vez que meu pai deixou que eu tomasse alguma bebida com álcool, confesso que depois do segundo copinho de tequila, já estava zonza e sorridente, mas que se dane, eu estava feliz! Aquele era o dia da minha formatura no ensino médio. Eu estava eufórica, em janeiro do próximo ano, meu pai me mandaria para cursar administração em Harvard, nos Estados Unidos. Por isso meu inglês era impecável, mal via a hora de poder sair da cidade em que nasci, cresci e nunca tinha botado os pés para fora. Meu pai era maravilhoso comigo, arrisco dizer que o melhor do mundo, mesmo sendo um narcotraficante, o El Rey del tráfego, se gaba em dizer que é o maior de todo o México. Soube que ele e meu irmão são procurados pela Interpol, porém nada disso me assusta ou causa estranheza, cresci nesse meio, desde que me entendo por gente, sempre soube que toda minha família era assim, minha arvore genealógica era inteira de traficantes, El Chapo por exemplo, é primo do meu avô. Eu nunca me envolvi com nada ilícito, nunca peguei uma arma ou cheguei perto de drogas, eles faziam seus “serviços” fora das minhas vistas, jamais terei parte nesse meio. Meu pai, ainda bem, nos deu a opção de seguir ou não com sua “profissão”. Juan Madero sempre teve cuidado para que nenhum de nós dois presenciássemos coisas ruins. Os “soldados” dele não entravam em casa, apenas alguns ficavam no jardim da mansão ou do lado de fora do muro fazendo a nossa segurança, com as armas sempre escondidas. Minha mãe fugiu de casa quando teve a oportunidade, eu tinha por volta dos 10 anos, meu pai, o poderoso "Rei do Crime", a maltratava de todos os jeitos, às vezes a noite, ouvia seus gritos de dor, mas pela manhã ela já tinha escondido tudo com maquiagem, víamos apenas suas roupas longas e olhos inchados. Fico feliz por ela ter se livrado dessa vida. Eu a amava demais para vê-la sofrer. Mas pelo que parece ela não me amava tanto, foi embora e me deixou. Apesar de tudo, eu levantava todos os dias decidida a ser feliz, uma Madero jamais se deixa abater, tínhamos o sangue forte. Minha infância foi a melhor possível. Mesmo que meu pai não fosse amoroso com a esposa, ele era meu herói, incrível comigo e meu irmão mais velho. Tive poucas colegas na escola e apenas uma melhor amiga que sempre esteve comigo do jardim até o ensino médio, esta era Mónica Garcia. Com ela eu saia escondida para festinhas dos meninos da escola ao encontro de namorados que não duravam uma semana. Eu a amava muito, e meu pai sabia, quase o enlouqueci para que também fosse mandada junto comigo para Harvard, ele para ter paz, concordou em pagar os estudos da Mónica que era de família humilde. No baile de formatura, eu iria dançar com Lorenzo Perez, um rapaz muito bonito da equipe de natação da escola. Já minha amiga, levaria seu atual namorado que era mais velho e já tinha terminado o ensino médio, todas as meninas ficaram com inveja dela. Na escola, ou em qualquer outro lugar eu sempre estava rodeada de seguranças, entendia que era uma forma de "proteção" do meu pai para comigo, ele tinha muitos inimigos, com certeza não queria me perder para eles. Ainda me lembro de suas palavras quando lhe perguntei sobre isso: " Todos, inclusive meus inimigos, sabem, que o ponto fraco de um homem é a família." Meu irmão, Miguel, já foi sequestrado, mas resgatado depois de dois dias de guerra com o cartel rival, veio sem um pedaço da orelha esquerda e o corpo cheio de hematomas coloridos. Desci as escadas de mármore branco, segurando o corrimão banhado a ouro, Juan é bem exibido. — Tengo la hija mas bella del mundo. (Tenho a filha mais linda do mundo). Sorri para ele que me esperava vestido de smoking cor vinho escuro. Estava lindo, um verdadeiro rei. Meu vestido era azul marinho, longo e de apenas uma manga, continha algumas pedrarias no busto e a saia lisa com uma fenda comportada, nada muito chamativo. Saltos agulha de 15cm preto. Eu os adoro por me deixarem um pouco mais alta que um anão de jardim. Estava ansiosa para encontrar Mónica para vê-la usando um vestido igual ao meu só que na cor vermelho. Gostávamos de combinar as roupas, mochilas, cadernos, etc. — Tù no está mal tampoco, papi. (você não está tão ruim papai) — Respondi com um sorriso. Ele riu. — Vamos luego mocosa. (Vamos logo pirralha) Revirei os olhos, Miguel passou quase correndo por mim. Nem é tão grande a diferença de idade, apenas 1 ano. Mas sou chamada assim por ele. Terminei de descer as escadas, segurei na mão que meu pai estendeu. — No importa este vagabundo. (não se importe com esse vagabundo) —Papi! (papai) — o repreendi. —No hables así de mí. (não fale assim de mim) — Miguel se defendeu. Eles se xingam bastante. —Vamos luego niños. (vamos logo crianças) — Bufei irritada com a conversinha deles, me sentia ansiosa para estar na formatura. — Tú eres la mocosa acá, no nosotros. (você é a pirralha, e não nós) — Meu irmão provocou. Ri sem animação. Caminhamos para fora, Culiacán cidade capital de Sinaloa, estava mais fria que o normal, por isso usamos casacos grossos por cima da roupa, mesmo que fossemos de carros. Na saída da mansão onde nasci e fui criada, Carlo, nosso motorista há anos, nos esperava. Abriu a porta para nós, entramos e nos aconchegamos. —No puedo demorar. Tengo un compromiso. (não posso demorar. Tenho um compromisso) — Miguel disse. Eu e meu pai nos olhamos cúmplices. — Finalmente. — Rimos, ele ficou sério. —Me he follado a más chicas de las crees. (Já fodi mais mulheres que pensam) — Sorriu travesso. Meu rosto se tornou vermelho com a menção da palavra de baixo calão que meu irmão usou. Apesar das namoradinhas que eu dava por aí, eu nunca permiti que passassem de beijos calorosos, meu sonho era casar virgem como minha vozinha —Todo bien semental. Nadie quiere saberlo. (Tudo bem idiota. Não queremos saber) — O pai o cortou. A casa era um pouco distante da cidade, por esse motivo, optamos por sair uma hora mais cedo. Ainda era dia, a conversa dentro do veículo rolava solta, muitas piadas e risos altos, eu era a mais animada. Naquele dia, não olhei para as árvores correndo do lado de fora da janela como gostava de fazer a caminho da escola todos os dias, apenas me atentei ao que se passava dentro, ao calor da família e do amor. — Sabes lo que le dijeron los mexicanos a los... (Sabe o que disse o mexicano ao...) — Miguel começava a contar uma piada, que segundo ele seria mais engraçada que a minha. Porém, nunca saberei se era mesmo, pois essa foi a última coisa que ouvi antes do carro capotar furiosamente pela estrada. Vi todos ficarem de cabeça para baixo com os braços e cabeças balançando de um lado para o outro conforme o automóvel rolava no asfalto úmido. Fechei os olhos para não ver mais nada. Era inacreditável morrer no dia da própria formatura!PAOLA BACKERDesisti de chamar minha mãe quando a vi sumir escada a baixo. Enquanto pensava no que fazer, senti um puxão de cabelo. — Aí! — Resmunguei alto com o susto. A Melinda me olhou e fez um bico de choro. — Me desculpa... Eu não quis te assustar. — Murmurei para ela que por sua vez continuou com a mesma expressão. Sem saber o que fazer com um bebê de quatro meses, voltei para o quarto e a coloquei deitada na cama. Ela ficou quieta por alguns segundos, mas começou a chorar. Olhei pela janela e vi o carro vermelho saindo da garagem. — Volta mãe... — Gemi. Tornei a pega-la no colo. O choro não foi resolvido. A balancei nos braços para ver se parava, mas não. Tentei até cantar, porém nada. Voltei a deixar na cama e coloquei a mão na cintura olhando-a para ver se tinha alguma ideia do que fazer. Algo frio atravessa minha mente: se eu tivesse cuidado dela desde o início, com certeza isso não aconteceria agora, saberia exatamente como agir. Senti minha mão suar e tremer.
PAOLA BACKER Sentadas ali, não dissemos nada por vários minutos. Apenas sentia o calor humano de seus corpos. Depois de um tempo, tentei levantar. Porém, quando o gás de adrenalina havia passado, as dores apareceram insuportáveis. Sem querer, acabei soltando um gemido abafado. Pressionei a mão no pé da barriga para aliviar a latência. — Está tudo bem? — Sim. — Menti descaradamente. Ela não acreditou, claro, mas preferiu não fazer mais perguntas, eu agradeci por isso. — Segure ela um instante. Apenas concordei com a cabeça e segurei o embrulho pequeno que se movia balbuciando barulhinhos com a boca durante o sono. Encostei no sofá fechando os olhos. — Sei que precisa. — A olhei, e a mão dela estava estendida com alguns comprimidos que o médico receitara para as dores fortes. Tomei sem reclamar e acabei adormecendo sentada mesmo. No dia seguinte acordei sozinha na sala, com os gritos da Melinda. Assustada procurei de onde vinha, segui o som até o banhei
PAOLA BACKER— Onde meu irmão está? — Ela insistiu, parecia até que esqueceu do tapa.Eu esperava que revidasse, para assim poder ao menos descontar minha revolta em alguém.Encostei na porta e a encarei, ela estava parada no meio da sala. — Não sei... — Respondi amarga. No mesmo instante ela veio pra cima de mim, sabia que não deixaria barato. Tirei forças não sei de onde e a agarrei pelos ombros, impedindo-a de chegar mais perto. — Eu vou terminar agora o que aquele maldito não deu conta de fazer. — A fala me pegou de surpresa, tanto que fraquejei o braço e recebi um tapa no rosto. — O que você disse? — Balbuciei, ela como resposta agarrou meu cabelo. — O que você disse?! — Acabei gritando. A dor de ter alguns fios arrancados era mínima comparada ao que acabara de ouvir.Esme me esmurrou outra vez, agora tinha sido próximo a cicatriz da cesárea, sem conseguir conter, soltei um urro de dor e susto. — Eu liguei para o Paul vir matar você. — A voz dela parecia gritar em espiral d
PAOLA BACKER O restante do dia não tive forças ou vontade para levantar. Não chorei mais, apenas estive deitada na cama, agarrada à uma camisa do John. Seu cheiro quase não estava mais presente, o amadeirado do perfume favorito dele era bem distante. Alma vinha bater na porta a cada duas horas, pra saber se eu estava viva ou oferecia comida. Negava tudo, precisava de algumas horas ou anos sozinha. As vezes ouvia longe o choro da minha filha e me perguntava se podia mesmo cria-la sem o John. Próximo do anoitecer, resolvi descer. Alma sorriu quando me viu e entregou a bebê. Estranhamente relutei para pega-la no colo. Confesso que não suportava ver os olhos dela, ainda estava muito recente. Fechei os olhos e senti seu cheirinho de perto, beijei sua bochecha macia, mas sem realmente vê-la. — Ela sente sua falta. — Duvidei de suas palavras, Melinda já sobreviveu mais de um mês sem mim. Mas eu sentia falta dela. Eu a amava mais que tudo. Mel, era o único elo entre mim e
PAOLA MADERO Como foi dito pelo médico, eu sairia em uma semana, mas tive algumas... complicações mentais, que acarretavam em físicas. Precisei ficar por mais semanas, com idas intermináveis ao psicólogo e psiquiatra, claro, fiz questão de pelo menos pedir que o Steven não estivesse entre eles, pois já tinha feito o bastante por mim. Ao total passei um mês e meio no hospital. Foram os piores dias pra mim, pior do que estar acorrentada ao chão num cubículo escuro. Por que com o correr do tempo eu via que o John não voltava. Minha mãe não saia do hospital. Insistia para não ir embora sem nós duas. Nos meus piores dias, a mandava embora, ela saia e ficava com a neta até eu melhorar e voltar. Quando a mente escurecia de tanto pensar, nem minha filha eu conseguia ver, seus olhos me davam vontade gritar e morrer. Passei a apresentar varias crises de pânico e ansiedade consecutivas. Não conseguia dormir ou comer. Por pouco não fui internada na érea de psiquiatria. Um dia ac
PAOLA BACKERMinha santinha não entendo por que a vida é tão dura pra mim. Preciso de ajuda e muita força para me erguer e cuidar da minha filha. Acordei há um tempo, mas não disse uma palavra. Olhei para o lado e vi Alma dormindo na poltrona. Não a chamei, fiquei calada de olhos fechados e rezando para minha Guadalupe, chorando em silencio. A tormenta dentro do meu peito era imensa. Doía mais que tudo que já experimentei na vida. Não conseguia pensar no que faria dali pra frente sem o John. O que seria de nós? Eu ainda não estava conformada com isso. Não podia ser verdade. — Preciso que chame o Steven. — Murmurei para ninguém em especial. Alma ouviu e levantou afobada. — O que você disse? — Quero ver o doutor Steven. — Repeti elevando o tom. Dane-se eu não estava com a menor paciência para ser delicada com ninguém. O meu sofrimento era maior. Ela me observou por alguns segundos. Meus olhos se encontravam inchados e vermelhos de tanto chorar. — Eu vou estar do seu lado. —
Último capítulo