88. O legado em mármore e o horizonte infinito
O tempo, na Toscana, passara a ter a textura do vinho envelhecendo nas adegas, do azeite dourado escorrendo sobre o pão fresco, da argila secando lentamente sob o sol. Quatro anos haviam se passado desde a noite apocalíptica em Istambul e a subsequente batalha pela alma do legado Bellini. Quatro anos de um silêncio abençoado, uma paz conquistada a ferro e fogo, que se instalara na antiga vila vinícola como um hóspede que finalmente decidira ficar para sempre.
Lorenzo Bellini Rossi, o pequeno Lio, era agora um menino de quatro anos, um turbilhão de energia com os cachos escuros do pai e os olhos expressivos e curiosos da mãe. Ele corria pelos campos de lavanda, perseguia borboletas nos vinhedos e enchia os corredores da casa com risadas que eram, para Leonardo e Sabrina, a mais bela de todas as melodias, a prova viva de que haviam vencido.
Leonardo encontrara no atelier que construíra nos fundos da propriedade um santuário para sua alma. As mãos que um dia se fecharam em punhos para lu