64. O amanhecer dos renegados e a sombra de Istambul
A chuva fina da madrugada lavava o sangue e a fuligem do velho caminhão de entregas enquanto Beatriz o guiava por ruas secundárias e esquecidas, afastando-se da cidade que se tornara um inferno particular para eles. No compartimento de carga, o silêncio era pesado, denso, quebrado apenas pelos soluços contidos de Sabrina e pelos gemidos de dor que Lorenzo Rossi, em seus últimos momentos, não conseguia mais reprimir. Leonardo segurava Sabrina junto a si, oferecendo o único consolo que podia: a solidez de sua presença, a partilha silenciosa de uma dor que agora pertencia a ambos.
Quando Lorenzo deu seu último suspiro nos braços da filha, uma parte do mundo de Sabrina pareceu morrer com ele. O pai que a criara, o homem de negócios implacável, o pecador arrependido… ele se fora. E seu sacrifício, seu ato final de amor para protegê-la de Tulio, era uma brasa que queimaria em sua memória para sempre. Leonardo, observando a cena, sentiu o peso de gerações de tragédia se abater sobre seus omb