Cansei de Esperar: O Amor Que Nunca VeioPT

— Sr. Marco, obrigada por tudo que me ensinou nesses anos. Vou levar comigo cada lição. — Entreguei minha carta de demissão ao meu chefe, Marco.

Ele pegou o papel, leu rapidamente e me olhou, surpresa.

— Você vai se demitir? — Perguntou, sem acreditar.

Assenti com calma, o rosto sereno.

— Quero mudar de área. Não quero mais trabalhar como assistente jurídica. E com o pai da minha filha fora do país, decidi ir atrás dele.

Marco ficou paralisado por um segundo, depois soltou sem pensar:

— Achei que o pai da criança tivesse morrido...

Percebendo o deslize, forçou um sorriso constrangido.

— Desculpa, escapou.

Logo em seguida, seu semblante se tornou mais suave, como se estivesse tentando me convencer a ficar.

— Que desperdício. Você é tão competente. Por que não pensa em continuar?

Neguei com um sorriso leve.

Na verdade, o pai da minha filha estava mesmo como morto. E por mais competente que eu fosse, ainda era só uma assistente.

Trocamos algumas palavras de cortesia. Quando ele finalmente aceitou minha saída, fui organizar a transição com os colegas.

Na copa, avistei Nate conversando animadamente com sua eterna amiguinha de infância, Selena.

Nate era o fundador do escritório. Meu chefe. Também era o pai da minha filha.

Oito anos atrás, entrei para a firma e virei sua assistente. Em uma festa, acabamos bêbados, dormimos juntos e eu engravidei.

Ele se casou comigo por causa disso. Mas foi um casamento escondido.

Nunca gostou de mim. E por extensão, também não gostava da nossa filha. Nem mesmo permitia que ela o chamasse de pai.

Já Selena era a queridinha de infância dele. Sempre foram muito próximos.

Os dois estavam coladinhos na cadeira. Selena agarrava o braço dele e se escorava como se quisesse se fundir com ele.

Nate se inclinou e sorriu para ela com uma doçura quase teatral. Do ângulo em que eu estava, parecia até que ele tinha beijado a testa dela.

No meio do escritório, daquele jeito... Eles realmente não tinham vergonha na cara.

Não consegui conter a raiva. Caminhei até ele e o chamei:

— Nate...

Ele levantou os olhos, o olhar frio e distante.

— Loreta, precisa de alguma coisa?

O tom impessoal deixava claro: eu não passava de sua assistente. E o rosto sério reforçava o quanto ele queria manter distância.

Engoli o orgulho, baixei levemente a cabeça e respondi com calma:

— Nada, Sr. Nate. Só vim pegar um copo d’água e aproveitei pra cumprimentar você.

Ele assentiu com um murmúrio, mas logo em seguida me olhou com seriedade.

— Ah, lembrei... Passe o caso de direito financeiro que está acompanhando para a Selena.

Fiquei paralisada por um instante, incomodada:

— Mas o contrato está quase pronto para ser assinado. Eu acompanhei tudo até aqui.

Ele arqueou a sobrancelha, irritado.

— Eu mandei entregar o caso, não pedi opinião.

Levantou-se e saiu sem me dar chance de discutir.

— Pode deixar, vou cuidar muito bem disso. Obrigada, Loreta. — Selena me lançou um sorriso presunçoso e foi atrás dele, como se tivesse acabado de ganhar um troféu.

Sorri com frieza. Que conveniente.

Aquele processo garantiria uma bela comissão depois da assinatura. Ao transferir para Selena, Nate basicamente estava presenteando ela com todo o bônus.

E não era a primeira vez.

Já perdi a conta de quantas vezes trabalhei duro, alcancei resultados, e no fim ele simplesmente ignorava tudo, só para entregar o mérito a outra pessoa, como um agrado.

Ridículo. Machucava mais do que eu queria admitir.

Nesses últimos dias, minha filha vinha me cercando com perguntas tímidas:

— Mamãe, amanhã tem a corrida e também é meu aniversário... Será que o papai vai vir?

E eu simplesmente não sabia o que responder.

Tentei ligar, mandei mensagens. Nenhuma resposta.

Mais tarde, vi no Instagram da Selena uma foto dos dois no cinema.

Nos comentários, colegas de trabalho elogiavam o casal. Um festival de aplausos.

Alguns até sugeriam casamento.

[Lindos juntos!]

[Esse ano tem que rolar esse casamento, hein!]

Engoli o amargo. Esperei ele responder.

A noite inteira, nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Nem sequer apareceu em casa.

Bebi sozinha. E mesmo sabendo que o coração dele nunca foi meu, nem da nossa filha. Continuei me iludindo.

Que idiota.

"Se não há amor... por que insistir? Nate, estou te deixando livre." Decidi.