A noite se espalhou devagar quando Júlia e Daniel voltaram do mirante. A estrada parecia silenciosa demais, como se o mundo estivesse respeitando o que tinha sido decidido ali, sem alarde, sem testemunhas além do céu.
Júlia apoiou a cabeça no vidro do carro, observando as luzes distantes da cidade. Dentro dela, algo estava diferente. Não era euforia. Não era medo. Era uma calma firme, quase solene, como se finalmente tivesse parado de lutar contra o próprio destino.
— Em que você está pensando? — Daniel perguntou, sem tirar os olhos da estrada.
Ela sorriu de leve.
— Em como tudo isso começou no pior dia da minha vida… e, ainda assim, me trouxe até aqui.
Daniel respirou fundo.
— Às vezes, a gente só entende o sentido depois que atravessa o caos.
Quando chegaram em casa, Júlia não foi direto para o quarto. Caminhou pela sala, tocando os objetos, as fotos, os livros. Cada coisa ali agora tinha outro significado. Não era mais “a casa do Daniel”. Era um espaço onde ela estava criando raíze