O dia começou estranho.
Não havia barulho no corredor, nem passos apressados de enfermeiros, nem o entra e sai habitual do hospital. Havia apenas um silêncio pesado, desconfortável, como se o prédio inteiro estivesse prendendo a respiração.
Daniel percebeu isso no instante em que saiu do elevador.
Dois homens o aguardavam perto da recepção da ala. Um deles usava crachá administrativo. O outro, um terno discreto demais para aquele ambiente.
— Senhor Daniel Moretti? — perguntou o homem do terno.
Daniel sentiu o estômago apertar.
— Sou eu.
— Precisamos que nos acompanhe. Agora.
O tom não era agressivo.
Era oficial.
E isso era pior.
— O que aconteceu? — Daniel perguntou, já sentindo o perigo se aproximar.
— Houve uma denúncia formal envolvendo a paciente Júlia Alves — respondeu o administrador. — Precisamos esclarecer alguns pontos.
O nome dela soou como um golpe seco no peito.
— Eu não vou a lugar nenhum sem saber do que estão me acusando — Daniel disse, firme.
O homem do terno o encarou