Quando Daniel voltou ao quarto, encontrou Júlia deitada exatamente como a deixara — mas algo estava errado. Muito errado. A rigidez dos ombros dela, o olhar fixo no lençol, a respiração controlada demais… todos os sinais gritavam que algo tinha acontecido.
— Júlia? — ele chamou, aproximando-se com cautela. — Está tudo bem?
Ela levantou os olhos devagar.
E o que Daniel viu neles não era ódio.
Nem raiva.
Era pior.
Dúvida.
— Daniel… — ela disse, com a voz presa. — Eu preciso falar com você.
Ele se sentou ao lado da cama, imediatamente alerta.
— Claro. O que houve?
Ela demorou alguns segundos antes de encontrar coragem para continuar.
— Helena esteve aqui.
Daniel fechou a mão de imediato — o corpo inteiro ficando tenso.
— O que ela disse? — a voz dele saiu mais dura do que pretendia.
Júlia observou a reação dele com atenção.
Isso a machucou mais do que ela queria admitir.
— Ela… — Júlia engoliu seco — ela disse que você sempre… me quis. Mesmo antes do acidente. Disse que Caio sabia disso.