O dia seguinte amanheceu com uma leve névoa cobrindo a cidade. No hospital, o movimento começava a ganhar forma, enfermeiros passando pelos corredores, sons de monitor cardíaco ecoando de portas entreabertas. Mas o quarto de Júlia permanecia num silêncio especial — aquele silêncio que precede mudanças importantes.
Ela estava sentada, de pernas cruzadas sobre o colchão, segurando uma pequena bandeja com o café da manhã. Não conseguia comer, mas tentava. Daniel estava ao lado dela, de pé, observando tudo com cuidado discreto.
— Você precisa comer um pouco — ele disse, gentil. — Está muito fraca.
Júlia fez uma careta fraca.
— Eu sei… mas meu estômago está estranho. Acho que a avalanche de informações ainda está tentando encontrar espaço aqui dentro.
Ela tocou a própria testa, como quem tenta reorganizar o caos.
Daniel se aproximou mais um passo, mas manteve um respeito silencioso pela privacidade dela.
Foi ela quem estendeu a mão e buscou a dele.
— Obrigada — ela disse. — Por tudo. Eu se