Caio estava sentado no sofá da casa da família Moretti, com as mãos tremendo e o corpo todo tenso. Tinha passado a madrugada em claro, andando de um lado para o outro, suas emoções se misturando em um turbilhão impossível de organizar.
A campainha tocou — uma, duas, três vezes — até que Helena entrou pela porta sem esperar convite. Vestia uma blusa larga, o cabelo solto de propósito, aquele ar abatido calculado que ela sabia exatamente como usar quando queria manipular alguém.
— Você está péssimo — ela disse, fechando a porta atrás de si. — Dormiu?
Caio balançou a cabeça, sem forças para mentir.
— Ele contou pra ela — disse, finalmente. — Meu tio contou tudo. Tudo, Helena. Ele jogou contra mim. Jogou a culpa inteira em mim.
Helena se aproximou devagar, como uma sombra que sabia exatamente onde pisar para não fazer barulho.
— Ele sempre te odiou, Caio — ela sussurrou, sentando ao lado dele. — Você só não via.
— Não… — Caio massageou as têmporas. — Ele era como um pai pra mim. Mas agora