Estou a cinco malditos dias respirando o mesmo ar abafado, com as paredes me olhando como se zombassem de mim.
O silêncio aqui virou meu carrasco. Só escuto o vento batendo nas janelas da casa da piscina, os passos dos homens de Gabriel lá fora, e às vezes, os passarinhos que nem sabem do inferno que se passa entre essas paredes.
Chapoca me traz comida. Pouco fala. Faz tudo do jeito certo pra não levantar suspeita. Mas a tensão entre nós é real, como se ele também tivesse medo do tempo acabar.
Hoje, o céu está estranho. Cinzento, pesado, como se pressentisse o que está por vir.
E então...
Sons de tiros rasgam o ar como um trovão perto demais.
Eu me levanto num pulo.
Depois, gritaria. Gente correndo. Estouro de portas. O chão parece tremer debaixo dos meus pés.
— Que porra é essa... — murmuro, tentando olhar pela fresta da janela da porta.
Mais tiros. Gritos desesperados. E então ouço um nome:
— "É O MURILO!" — alguém grita do lado de fora. — "ENTRARAM COM TUDO!
Meu sangue congela.