Estou jogada no sofá com Dona Helena ao meu lado. A sala está escura, iluminada apenas pela TV, que passa uma reportagem policial qualquer. A taça de vinho repousa quase cheia na minha mão, esquecida. Meus pés estão sobre a almofada, e Dona Helena se encolhe num canto, como se tentasse se manter pequena. A paz que começamos a encontrar parece frágil, como vidro prestes a trincar.
— Em instantes, detalhes da operação que prendeu o criminoso conhecido como Wick, foragido há meses. — anuncia a repórter.
Minha espinha gela. Viro lentamente o rosto para a televisão.
— Não pode ser… — sussurro.
A imagem muda. Agora é uma gravação. Um homem sendo levado algemado por dois policiais fortemente armados. Mesmo coberto de machucados e com o rosto parcialmente escondido pela sombra, eu o reconheceria em qualquer lugar.7Meu coração afunda. Me levanto num salto, a taça cai no chão e se estilhaça.
— NÃO! — grito, me aproximando da TV como se eu pudesse entrar por ela. — NÃO, NÃO, NÃO!
Dona Helena co