Estou parado diante da porta. A mão ainda suspensa no ar, como se a frase “tranca a porta” tivesse congelado o tempo.
Ouço o clique da fechadura enquanto a tranco. Estou fazendo isso por ela, para manter meu teatro, mas não quero mais ela presa. O som seco me atravessa como um estalo no meio do peito. E então o silêncio. Um silêncio denso, sufocante.
Até que ele vem.
O choro.
Ela está chorando.
Fecho os olhos. Meu punho se fecha também. O peito sobe e desce com raiva, não dela. De mim. Das palavras que deixei escapar, do jeito como sempre estrago tudo.
“Gostaria que seu irmão tivesse arrebentado mais a sua cara, pois você merece.”
Talvez eu mereça mesmo. Talvez eu nunca tenha deixado de merecer.
Encosto a testa na porta, devagar. O vidro está frio, firme... um limite físico entre mim e tudo que sou covarde demais para encarar. Eu podia bater. Podia pedir desculpas. Mas fico ali, calado.
— Merda... — sussurro, quase sem voz.
Passo a mão no rosto, tentando afastar esse nó na garganta q