Claro que ele tinha que aparecer, justo hoje, quando, depois de dias sozinha, eu realmente gostaria de ficar sozinha.
Ele está ali, a poucos passos. E mesmo sem olhar, eu sinto o calor dele, a presença, como se o ar ficasse mais denso só porque ele respira no mesmo espaço que eu.
“Não conseguiu dormir?”
Some por meses. E agora quer conversar como se nada tivesse acontecido? Como se não tivesse me deixado naquele limbo de sinais trocados, me arrastando por dias entre raiva, dúvida e... saudade?
- Você está diferente. - ele comenta, depois de me observar pela varanda e virar de costas, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Agora quer conversar?
Bufo. Involuntariamente.
— Diferente em quê? Estou normal. Seguindo a vida normalmente, até porque, né, não sou sequestrada todo dia... então tô aqui. Vivendo essa "normalidade". — reviro os olhos, tentando ignorar as batidas descompassadas do meu coração.
Ele demora um pouco pra responder. Quando fala de novo, a voz vem mais baixa. Quase.