Fecho a porta do quarto devagar, como se o som pudesse denunciar o que eu estou sentindo. Encosto a testa no vidro por um segundo, os olhos fechados.Respiro fundo, mas o ar não entra direito.
Um mês.
Um mês sem vê-la, sem encarar o que aquele olhar me faz sentir, achei que seria mais fácil.
Fugir. Me esconder. Evitar estar no mesmo cômodo.
Fugi todas as vezes que ouvi o som leve dos seus passos no corredor, toda vez que aquele cheiro, o cheiro doce de flores, invadiu meu caminho.
Mas não foi fácil.
Nunca foi.
Cada vez que ouvia ela rir baixinho com a minha mãe, eu travava os punhos. Cada vez que passava perto da porta do quarto, eu me obrigava a manter os olhos em frente.
E hoje... Hoje eu só queria um pouco de ar. Um pouco de silêncio.
E então eu vi.
Ela estava lá, sentada à beira da piscina. A pele dourada pela luz do entardecer, o short colado nas curvas, só a parte de cima do biquíni, os ombros expostos, as pernas molhadas brilhando ao sol.
E eu congelei.
O mundo ficou mudo por