Algumas horas depois, o galpão está mais silencioso que o normal. Murilo saiu cedo para uma diligência, e eu fiquei encarregado de revisar alguns relatórios atrasados. O ar está pesado, e o cheiro de poeira antiga se mistura com o café requentado da garrafa térmica.
Desde a conversa com ele, eu tento me distrair, mergulhar no trabalho — qualquer coisa que me mantenha longe dos pensamentos sobre Jade.
Mas é inútil. Tudo parece me levar de volta a ela.
Fecho uma das pastas, e ao me virar para pegar outra, noto algo no chão, perto da parede lateral do corredor. Um copo descartável, caído de lado. O curioso é que o café ainda está fresco, com aquela película fina por cima, como se tivesse sido deixado ali há poucos minutos.
Me abaixo para pegá-lo.
O nome “Jade” está escrito em caneta preta na lateral — a letra é idêntica à dela. O “J” com o traço alongado, o “e” meio torto no final.
Meu estômago se contrai.
Ela esteve aqui?
Olho em volta. O corredor está vazio, só as lâmpadas frias pi